segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O FATOR ISSACAR


Vivemos e ministramos em tempos de profundas e rápidas mudanças. As pessoas estão alterando seus hábitos e assimilando novas necessidades. Como a Igreja pode atender às necessidades das pessoas, se nem elas mesmas têm uma idéia exata do que carecem?
Os cientistas sociais têm identificado três eras bem distintas, que servem como um esboço da história: a sociedade rural, a revolução industrial e a era da informação. Dentro de uma mesma era, o tamanho da família, o contexto onde se vivia, o regime de trabalho e outras qualidades essenciais eram bem semelhantes. Essas características, entretanto, sofrem enorme variação de uma era para outra.
Na época da sociedade rural, por exemplo, mais de 90% da força de trabalho estava ligada ao campo e a família estendida (ou clã) era a unidade-chave. Com a revolução industrial (1860), começa a era seguinte – a industrial -(que dura até o início da Segunda metade do século vinte), caracterizada pelo deslocamento da força de trabalho para as cidades e a diminuição do tamanho da família. Vem em seguida a era da informação (na qual estamos inseridos), a qual se distingue pelo crescimento espantoso da informação, mão-de-obra concentrada no setor de serviços, globalização, desagregação da família, etc.
Apenas dois dados para reforçar a caracterização desta era: Nos últimos 30 anos se produziu mais informação do que desde a criação do mundo até 30 anos atrás. Atualmente são lançados mais de mil livros por dia, no mundo.
É tamanha a exposição à informação que as pessoas manifestam dificuldades para prestar atenção e querer saber sobre mais alguma coisa, ouvem mais do que entendem, esquecem o que já aprenderam, não sabem usar o que aprenderam, compram alta tecnologia e tiram pouco proveito dela, têm pouco tempo livre, não querem assumir novos compromissos e estão cansadas de mudanças.
Nesse quadro, se coloca a questão: Estariam as denominações (umas mais, outras menos) trabalhando com modelos de ministérios desenvolvidos para a sociedade rural ou durante a era industrial, os quais podem não ser tão eficazes na era da informação?
Com essa pergunta em mente, Gary McIntosh, pastor e professor de uma faculdade de teologia na Califórnia, analisou mais de 500 igrejas, de 53 diferentes denominações, e publicou (em co-autoria com Glen Martin, outro pastor batista) os resultados de suas observações, bem como sugestões, num livro cujo título é o mesmo destas reflexões.*
“O FATOR ISSACAR” deriva de I Crônicas 12.32, que menciona os filhos de Issacar (cerca de 200 pessoas, num exército de 340 mil) que 1“possuíam especial discernimento quanto aos tempos em que viviam e sabiam o que Israel devia fazer”. Esse grupo infinitesimal (menos de 1%) se destacou pela sua habilidade de sintetizar os fatos e propor estratégias adequadas ao exército de Israel.
Não haverá espaço aqui nem para mencionar todas as áreas que foram pesquisadas. Também é importante destacar que em momento algum os pesquisadores insinuam que é necessário mudar o evangelho de acordo com a “última moda”. O objetivo se resume a discutir métodos, usos e estratégias.
Sobre a adoração, por exemplo, os pesquisadores verificaram que: (1) Os hinos estão sendo substituídos pelos cânticos de louvor; (2) instrumentos como órgão e piano estão dando lugar a pequenos conjuntos ou bandas; (3) antes, o andamento era mais lento; agora, mais rápido; (4) a atmosfera de celebração é preferida à de contemplação; (5) os cultos tendem a ser mais curtos; (6) se antes eram orientados para o áudio; atualmente a orientação é para o visual; (7) formatos variáveis têm sido preferidos a um formato padrão; (8) em vez de um planejamento discreto, muito planejamento, inclusive com ensaios, tem caracterizado os cultos mais freqüentados atualmente.
As igrejas que não estão conseguindo tornar a adoração um exercício agradável e interessante para as atuais gerações (aquela que nasceu junto com a TV) e a que nasceu junto com o computador) estão atraindo cada vez menos e menos adoradores. E, como ninguém se junta a uma igreja sem freqüentar cultos, é fundamental um dinâmico plano de adoração como o centro de tudo o mais que a Igreja realiza.
Sobre os cultos de oração do meio da semana, uma observação curiosa: como cada vez menos pessoas os freqüentam à noite (por trabalharem até mais tarde ou por causa da violência), as igrejas estão tendendo a realizá-los bem cedo, pela manhã, com melhor freqüência.
O FATOR ISSACAR relata a constatação de mudanças também nas áreas de: liderança, administração, evangelismo, ministério jovem, ministério infantil, etc.
Contra qualquer pensamento triunfalista de que “a realidade aqui no Brasil é outra”, convém lembrar que dentro de um mundo globalizado todas as coisas, principalmente as más, se propagam cada vez mais rapidamente e os problemas tendem a se homogeneizar. Por isso, os homens de Issacar precisam, com presteza, sintetizar os fatos e definir as estratégias para que a Igreja seja vitoriosa.
(* Glen Martin & Gary McIntosh, The Issachar Factor, Tennessee: Broadman & Holman Publishers, 207 págs.)


Comentário extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal
12.32 CIÊNCIA DOS TEMPOS. Consoante a sua suprema sabedoria, Deus tem um tempo determinado e um momento certo para todos os seus propósitos e para o cumprimento das suas promessas (cf. Ec 3.1). Percebemos essa verdade no âmbito da natureza e também no seu reino, onde há tempos preestabelecidos (Sl 102.13) e tempos de mudança (Is 43.18,19), da máxima importância no contínuo propósito redentor de Deus. (1) As Escrituras revelam repetidamente como o povo de Deus muitas vezes deixa de perceber o que Deus está fazendo ou está prestes a fazer. Israel, como um todo, estava cego e ignorante quando Deus, na plenitude dos tempos, enviou seu Filho como o Messias que lhes fora prometido. Do mesmo modo, e com muita freqüência, a igreja não reconhece, nem discerne quando Deus está cumprindo um determinado aspecto do seu propósito. (2) As Escrituras mencionam de modo especial os filhos de Issacar, porque eles, dentre as doze tribos de Israel, compreendiam os tempos e discerniam o que Deus estava realizando, quando elevou Davi ao trono como seu ungido. Necessário é discernirmos os tempos e as estações para cooperarmos com Deus numa missão determinada, e acolher ou apoiar uma visão da parte de Deus, em tempos de mudança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário